segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A Era Lula: veja a trajetória do operário que virou presidente

Lula começou sua trajetória política como dirigente sindical no ABC Paulista. Foto: Divulgação
Lula começou sua trajetória política como dirigente sindical no ABC Paulista

A história de Luiz Inácio Lula da Silva se assemelha à de milhares de brasileiros que, como ele, tiveram uma infância pobre, no interior, e foram com a família para periferia de grandes centros urbanos tentar a sorte. No caso de Lula, ele tentou a sorte até vencê-la. Mesmo que, muitas vezes, fosse no cansaço.

Da pequena Caetés, no sertão de Pernambuco, até São Paulo, foram 13 dias de viagem no "pau de arara" (caminhão adaptado para o transporte de pessoas), ao lado da mãe e dos sete irmãos. Após perder três eleições, em 1989, 1994 e 1998, chegou à Presidência da República ao sair vitorioso do pleito de 2002. Durante a semana, o Terra publica uma série de especiais para relembrar a era Lula. A seguir, você vai conhecer os detalhes dessa trajetória.


Luís Inácio Lula da Silva
Partido:
PT
Formação profissional: Torneiro mecânico
Data de Nascimento: 27/10/1945
Naturalidade: Garanhuns (PE)
Na política: Deputado federal constituinte eleito pelo PT/SP (87/91); candidato derrotado do PT à Presidência da República nas eleições de 1989, 1994 e 1998.
Família: Casado com Marisa Letícia da Silva, dona de casa. Tem cinco filhos (Marcos, Fábio, Sandro, Luíz Cláudio e Lurian) e três netos. Ele é viúvo do primeiro casamento.

Anos 50 e 60
De vendedor ambulante a torneiro mecânico
Lula mudou-se ainda criança de Garanhuns para São Paulo, numa viagem com a mãe e os irmãos em um caminhão pau de arara. Foi vendedor ambulante de amendoim, engraxate e teve seu primeiro emprego fixo numa tinturaria. Aos 19 anos, andou pelas filas de desempregados na recessão de 1965 até entrar para a as Indústrias Villares como torneiro mecânico, profissão que aprendeu como aluno do Senai durante três anos. Em 1967, Lula entrou pela primeira vez em um sindicato. Dois anos depois, seu irmão, José Ferreira da Silva, o frei Chico, o indicou para uma vaga de suplente na diretoria do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Metalúrgica, Mecânica e de Material Elétrico de São Bernardo do Campo e Diadema. Militante do clandestino Partido Comunista Brasileiro - frei Chico insistia que Lula devia ler os jornais e boletins produzidos pelo partido e pelos ativistas da esquerda sindical contra a ditadura militar.

Anos 70
O líder das greves na região do ABC
Já íntimo do movimento sindical, Lula foi eleito como 1º secretário do sindicato, em 1970. Três anos depois, assumiu a diretoria efetiva da entidade. Em 1975, foi eleito presidente com 92% dos votos e reeleito três anos depois. Em 1978, Lula liderou a primeira greve da indústria automobilística e do regime militar. Ganhou notoriedade nacional. Conseguiu reunir 150.000 trabalhadores e parar o ABC paulista. Em 1979, uma nova greve. Lula liderava as assembléias realizadas no estádio de futebol Vila Euclides, em São Bernardo, sempre com mais de 80.000 operários. Por intervenção do Ministério do Trabalho, ele foi afastado por 60 dias do sindicato. Na época, o sindicalista dizia não estar interessado em política, mas já tinha a idéia de lançar o Partido dos Trabalhadores. Ainda em 1978, apoiou a candidatura de Fernando Henrique Cardoso ao Senado, pelo então MDB. Um ano depois, disse que o futuro PT "só iria aceitar aqueles que não detivessem os meios de produção, que não fossem empregadores, por uma definição de classe".

Anos 80
A entrada para vida política
Em 31 de maio e 1º de junho de 1980, o PT realizou um encontro nacional, que aprovou seu programa e seu estatuto. Lula foi eleito presidente do partido. No mesmo ano, ao liderar uma nova greve de metalúrgicos, Lula foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional, permanecendo 31 dias preso no Departamento de Ordem Política e Social (DOPS). Pelo mesmo motivo, teve seu mandato de líder sindical cassado. Em 1981, já com seu segundo mandato sindical concluído, Lula participou da criação da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Um ano depois, entrou para a política ao se candidatar a governador de São Paulo. Ficou em quarto lugar. No ano seguinte, em 27 de novembro, liderou o primeiro comício para a campanha Diretas Já, em São Paulo, ao lado de Fernando Henrique Cardoso. Em 1986, foi eleito para deputado constituinte com a maior votação do país: 650.000 votos. Apresentou 41 emendas à atual Constituição, das quais apenas sete foram aprovadas. Ainda que tenha participado dos trabalhos constituintes, a bancada do PT, liderada por Lula, se recusou a assinar a nova carta, promulgada em outubro de 1988. Nas primeiras eleições diretas, depois do regime militar, em 1989, Lula candidatou-se a presidente e foi para o segundo turno, sendo derrotado por Fernando Collor de Mello.

Anos 90
Duas vezes candidato
Já como candidato à presidência pelo PT, viajou por 25 estados brasileiros, em 1993, com sua "caravana da cidadania". Teve de enfrentar Fernando Henrique Cardoso, o pai do plano Real. Perdeu a eleição de 1994. No ano seguinte, deixou a presidência do partido e se tornou presidente de honra. Ainda com fôlego, Lula se candidatou de novo em 1998 para presidente. A reeleição de FHC já estava certa e ele perdeu logo no primeiro turno.

2000-2001-2002
A quarta tentativa
Como presidente de honra do PT, Lula passou os três primeiros anos desta década se preparando para a sua quarta candidatura. Fez várias viagens ao exterior. Visitou a China, tornou-se um amigo de Fidel Castro e do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, aos quais visitou, e por último participou do último comício da campanha do primeiro-ministro socialista da França. Em janeiro de 2001, participou do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, promovido por oito entidades que formam o fórum anti-Davos, inclusive o PT. O partido oficializou sua candidatura à presidência em junho de 2002.




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