sábado, 23 de julho de 2011

Quem precisa mudar: Dilma ou sua base?


Por mais críticas que venha recebendo de sua base parlamentar, em razão da forma como vem promovendo a faxina no Ministério dos Transportes, a presidente Dilma Rousseff está agradando uma boa parcela da opinião pública. 

Aliás, eu diria que Dilma está conquistando o apoio de muitos eleitores que votaram na oposição na eleição passada, justamente em razão do seu descontentamento com a complacência com que o ex-presidente Lula teve com o mal feito de seus aliados. 

Tem até mesmo oposicionista admitindo, ainda que nos bastidores, que gostaria de oferecer seu apoio à presidente Dilma, caso o PR e outros partidos de sua base levem adiante as ameaças de rebelião que são reforçadas a cada nova demissão de um suspeito em falcatruas. 

Dilma, na verdade, começa a fazer o que Lula prometeu que faria ao ser eleito pela primeira vez em 2002, sendo coerente com a postura que o PT manteve durante os anos que esteve na oposição, em defesa da ética e combatendo a corrupção. 

Boa parte do eleitorado de Lula, no entanto, se decepcionou quando o presidente petista em vez de cumprir o prometido, preferiu passar a mão na cabeça de mensaleiros e aloprados com a desculpa que seus antecessores sempre fizeram isso. 

Resta saber se a presidente Dilma terá coragem de avançar sua faxina por outras áreas do governo, o que poderia ampliar suas desavenças com a própria base. 

Esta semana, por exemplo, descobriu-se que o Ministério dos Turismo fechou um contrato de R$ 52,2 milhões com Instituto Brasileiro de Hospedagem (IBH), uma organização não-governamental dirigida pelo empresário César Gonçalves, envolvido em vários escândalos de malversação de dinheiro público e alvo de ação do Ministério Público, que pede a devolução aos cofres públicos R$ 480 mil. 

Gonçalves deixou o cargo na estatal Brasiliatur em meio à uma série de denúncias de malversação de verbas durante a administração do ex-governador José Roberto Arruda, obrigado a renunciar a seu mandato após escândalo do mensalão do DEM no DF. 

Embora o ministro do Turismo, o peemedebista Pedro Novaes, tenha recebido um puxão de orelhas de Dilma na última quinta-feira, em sua primeira audiência com a presidente desde o início do ano, a cúpula do PMDB já emitiu sinais de alerta para o Palácio do Planalto ressaltando que não aceitaria um tratamento igual ao dispensado atualmente ao PR, que controlava o Ministério dos Transportes e não foi consultado previamente antes de qualquer demissão de indicados políticos. 

De fato o PMDB é considerado um partido essencial à governabilidade, sem o qual a presidente teria sérias dificuldades políticas. 

Mas diante de denúncias concretas de irregularidades, como as descobertas nos Transportes, um governante tem sempre a opção de buscar o apoio da opinião pública para fazer as mudanças necessárias em cada área, ainda mais com a aproximação do ano eleitoral. 

O certo é que ninguém mais no Brasil que continuar pagando uma das maiores cargas tributárias do mundo para que esse dinheiro se perca em obras superfaturadas e mal feitas ou sirva para abastecer os cofres de partidos da base e bolsos de corruptos. 

Tudo indica que, se a opinião pública for consultada, quem vai precisar mudar é a base governista e não a presidente Dilma.

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